quinta-feira, 21 de março de 2013

A MAIS NOVA (PER)VERSÃO DA BÍBLIA


Por Alan Capriles

Enquanto me esforço no estudo do grego, a fim de melhor compreender os textos do Novo Testamento, sou informado da mais recente versão da Bíblia, se é que podemos chamar isso de versão. Apesar de ser ainda uma proposta digital e independente, não duvido que em breve algum editor ganancioso e sem escrúpulos comprará os direitos para publicação. Confira um trecho que, a meu ver, mais parece uma piada de mau gosto:

Chegando um playboyzinho perto de Jesus, puxava saco dele: "Bom mestreeeeeeeeee... o que eu preciso fazer pra descolar essa tal vida eterna, heim?". E Ele respondeu: "Pode parar com a adulação. Bom é o pai, eu sou bonzinho. Mas tipo, se quer curtir a balada da vida eterna, obedece os mandamentos". E o playboy retrucou: "Que mandamentos?". Jesus continou a bordoada: "Não mate, não roube, não minta, não pegue a mulher de ninguém, respeite seus pais e ame as outras pessoas como se elas fossem você mesmo". O playboy então respondeu: "Qualé Jesus... eu sempre fiz isso aí tudo. Se tem um cara bom nessas paradas, sou eu. Que mais eu preciso fazer?". E Jesus soltou o hadouken final: "Se você quer ser 'o cara', então vende tudo o que tem e dá pra quem não tem nada. Faz a diversão dos pobres, mano! Aí vem viver comigo, nessa nossa vida loka". Então o cara abaixou a cabeça e saiu de fininho, por que era rico pra caramba e sentiu pena de se livrar dos carros, videogames, da empresa e do apartamento no Guarujá.
Jesus continou esculhambando: "É mais fácil ganhar uma briga do Chuck Norris, do que entrar gente rica no céu". Os discípulos já ficaram alvoroçados com essa conversa: "Vixi! Então quem vai conseguir ser salvo? Tamo perdido!". E Jesus ensinava: "Salvar-se é realmente impossível. Mas relaxem, por que Deus pode fazer qualquer coisa".
Pedro fez questão de perguntar qual o futuro deles mesmos, só pra prevenir. E Jesus explicou: "Vocês que largaram tudo pra serem meus seguidores, vou garantir umas cadeiras estilosas no céu, pra julgarem as doze tribos de Israel. Quem deixou as coisas materiais ou a família por minha causa, vai receber cem vezes mais no céu (menos sogra, claro), além da vida eterna."
A princípio, quando me deparei com a perversão acima, eu havia decido não comentar sobre o assunto. Mas depois, refletindo melhor a respeito, considerei ser uma boa oportunidade para escrever o que penso sobre as diversas versões (e perversões) da Bíblia. Para ser franco e objetivo, minha opinião é que até o presente momento ainda não temos uma versão que seja, ao mesmo tempo, verdadeiramente fiel aos melhores manuscritos e de fácil leitura para o povo brasileiro.

Penso que, para ser fiel ao que o autor bíblico pretendia dizer (e considero isso importantíssimo), não precisamos necessariamente usar palavras estranhas ao nosso vocabulário. E, por outro lado, para que todos compreendam os textos, não precisamos alterar frases. Existem alternativas, mas elas parecem não ser levadas em conta pelos atuais tradutores, que vão de um extremo a outro.

Percebo também que parte desse problema está numa quase idolatria dos evangélicos pela versão de João Ferreira de Almeida, como se fosse ele mesmo quem tivesse escrito os textos originais da Bíblia. Já está comprovado que essa versão contém erros de tradução e que não foi baseada nos melhores manuscritos em hebraico e grego. Mas muitos evangélicos insistem teimosamente nessa versão. Aliás, a Sociedade Bíblica Brasileira já está preparando mais uma repetição do mesmo tema, que será uma atualização da versão Almeida Revista e Atualizada. Como será que irão chamá-la depois de pronta? Talvez seja "Almeida Revista e Reatualizada".

Brincadeiras a parte, o fato é que não temos uma versão em português que seja realmente fiel aos melhores manuscritos das Escrituras e adequada para o povo brasileiro. Sendo assim, aconselho que cada um, assim como eu, se esforce em estudar o grego. Ao menos as principais passagens. Não que isso seja necessário para a sua salvação, mas certamente irá lhe salvar de versões pervertidas que não sejam tão evidentes como a que publiquei nesse artigo.

Alan Capriles

Fonte: http://alancapriles.blogspot.com.br/

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