O SILÊNCIO DE DEUS
Durante o sofrimento de Jó, Deus não dera nenhuma palavra
a seu servo. O silencio foi total. Nenhum homem fora usado por Deus para falar
de conforto para Jó. Deus não falara por meio de sonhos, nem por qualquer
circunstância. Isso talvez tenha sido a pior fase enfrentada pelo seu servo.
A
questão do silencio do Senhor aparece em outros momentos na Bíblia. Por
exemplo, Davi orou insistentemente para Deus lhe responder em favor de seu
filho com Bet Seba, no entanto, nenhuma resposta obteve. Lembremos de Abraão,
ele teve que conduzir seu filho para o sacrifício sob ordem do Senhor. Orou
incansavelmente, subiu todo o monte e nenhuma resposta lhe veio.
Outro
exemplo fora o de José do Egito. Ele foi vendido como escravo ao Egito.
Trabalhou como escravo longos anos. Foi lançado no calabouço por causa das
acusações injustas. Ficou preso por longo tempo. Quando teve oportunidade de
sair da prisão através do copeiro de Faraó, este não se lembrara dele
resultando em mais tempo na prisão. Durante todo sofrimento o texto bíblico não
revela uma palavra do Senhor ao seu servo. O silencio de Deus permanecia.
Temos
também o caso do profeta Daniel. Ele passou pelas acusações e acabou sendo
condenado à cova dos leões. Durante todo processo Deus não lhe respondeu, não
falou com seu servo. O silencio de Deus fora total. Somente quando estava
dentro da cova é que Deus usou um anjo para livrá-lo. O mesmo sucedeu aos seus
amigos os quais não dobraram os joelhos para imagem de Nabucodonossor,
recebendo assim a condenação de serem lançados vivos na fornalha ardente.
Nenhuma palavra do Senhor veio a eles durante aquele peleja. O silencio do
Senhor estava posto, até que Ele rompeu enviando o quarto homem dentro da
fornalha.
No
caso de Jonas, deparamos com o silencio do Senhor em um quadro também bastante
difícil. Devido a desobediência do profeta, este fora engolido por um peixe.
Passou três dias e noites no ventre do animal. Orou ao senhor naquela aflição e
profunda angustia, um dia passou e nenhuma resposta, dois dias passaram e
nenhuma resposta, três dias e finalmente Deus rompe com o silencio e ordena que
o animal vomitasse o profeta.
Conosco
não é diferente, passamos também pelo silêncio do Senhor. Muitas vezes vamos à
igreja em busca de uma palavra de conforto, de direção, entretanto nada ouvimos.
Procuramos os dedicados ao Senhor, aqueles que normalmente têm uma palavra de
Deus para o povo, mas nada nos é falado.
Compartilhamos
nossa dor com familiares, irmãos na fé e amigos, porém Deus não rompe seu
silencio. Frequentamos mais os cultos de oração e oramos mais em casa, contudo
o Senhor que nos vê não fala. Nessas horas surgem aquelas perguntas: por que o
Senhor silencia-se nesses momentos difíceis? Por que não ouvimos sua voz? Por
que não rompeu com o silencio anteriormente?
Surgem
também as especulações. Tais como: será que estou em pecado? O que fiz de
errado? Deus está me punindo? Lembremos que Jó passou por este processo. Mas
tenhamos cuidado por que o diabo também nesse momento atua tentando gerar
dúvidas em nós. Ele
não perderá oportunidade para nos atingir.
Podemos
ver a ação de satanás através dos amigos de Jó. Eles foram usados para tentar
conduzir a dúvida, e falaram mal a respeito de Deus. Desta forma, percebe-se
que durante o silencio do Senhor, o diabo está gritando nos nossos ouvidos.
Este sussurro infernal só é vencido resistindo firmemente ao ataque.
Quais
lições podemos extrair durante o silencio do Senhor? O que Deus deseja nos
ensinar? Quero destacar alguns pontos relevantes a serem observados. Primeiro, o silencio de Deus não é o não de
Deus. Somos tentados a pensar que o Senhor está dando um não as nossas orações
só por que está em silencio. Isto não é verdade. Deus estava em silencio com
Jó, mas não dera um não ao seu servo. A prova nítida disso é a cura recebida como
resposta das orações.
Com
Abraão, não foi diferente. Subiu o monte acompanhado de seu filho para
sacrificá-lo e do silencio do Senhor até quando o Senhor rompeu o silencio
bradando através do Anjo respondendo as orações de Abraão. O silencio de Deus
não foi o não de Deus para Abraão. Essa verdade jamais deveria sair da nossa
mente. Confundir o silencio com o não é cair em grande perigo. Pois o fruto
disto, é frustração, desanimo.
Em
José do Egito, Deus trabalhou silenciosamente em relação ao seu servo. Deus
preservou José num contexto hostil. Abençoou as obras de José como mordomo de
Potifar. Conservou em vida quando fora acusado de adultério pela esposa de
Potifar. Deus usou seu servo na prisão para revelar a interpretação dos sonhos
dos colegas de prisão. Embora tenha durado muito tempo o sofrimento de José,
isso não configurava o não de Deus. O senhor rompeu com o silencio quando o
copeiro se lembrou de José.
O
segundo ponto é que Deus trabalha no silencio. No final do capítulo do livro de
Jó, Deus falou fazendo uma série de perguntas as quais focavam no governo
soberano Dele. Este governo é nos seus amplos aspectos desconhecido ao homem
até que Deus o revele. Por exemplo, o Senhor estava ouvindo e vendo os ataques
dos amigos de Jó e do jovem Eliú o Senhor disse: “Sucedeu que, acabando o
Senhor de falar a Jó aquelas palavras, o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A
minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos, porque não
falastes de mim o que era reto, como o meu servo Jó”. (Jó 42.7).
Isso é muito importante pelo fato de
sermos limitados em nosso saber. O povo Israelita passou 400 anos no cativeiro
egípcio. Quando foram feitos escravos, clamaram a Deus para serem livres. A resposta
foi Moisés 400 anos depois. Durante este período o que Deus estava fazendo?
Trabalhando no silencio. Podemos perceber isso na promessa feita a Abraão. Deus
disse que multiplicaria sua descendência. No livro de Êxodo, a promessa está se
cumprindo, o texto diz:
E os filhos de Israel frutificaram, aumentaram muito, e
multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se
encheu deles. E levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a
José; O qual disse ao seu povo:
Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós.
(Êxodo
1:7-9).
Além do exemplo israelita, temos o
caso do profeta Daniel. Deus operou no silencio quando Daniel fora lançado na
cova dos leões. Todo clamor feito pelo rei a Deus só pode ser percebido a
resposta do Senhor no outro dia. Os amigos de Daniel também experimentaram o
silencio do Senhor quando foram lançados na fornalha ardente. Deus estava
agindo antes de serem lançados no fogo. Pois os soldados que os conduziram
foram queimados ao se aproximar da fornalha, mas os amigos de Daniel não foram
atingidos.
Em José do Egito, percebemos esta
forma de Deus operar aclaradamente. Pois, seu servo enfrentava grande
sofrimento e Deus não dera nenhuma resposta. Entretanto, agia utilizando José
para abençoar os que lhe cercavam, além de lhe preservar vivo diante da
acusação de violentar a mulher de Potifar. Só no futuro quando José é elevado a
governador do Egito ele passou a compreender o trabalhar de Deus no silencio.
E o último exemplo que quero
destacar é o caso do profeta Jonas. Ele fora engolido por um peixe, no qual
passou 72 horas. Todo esse tempo sem água e
comida. Sem amigo para dialogar, compartilhar sua dor. Mas o Senhor
estava trabalhando conservando a vida do profeta. Pois não havia também
oxigênio, não estava inconsciente, e não foi triturado pelo ventre do animal.
Somente três dias depois veio a resposta do Senhor ao profeta.
Desta forma, compreende-se a
importância de entendermos o trabalhar de Deus no silencio. Pois evitará corrermos
erros de precipitação, desesperança, não confiança, de que o Senhor está
trabalhando por nós. E que por mais longo dure tal silencio, isso não se
configura um não da parte de Deus. Assim, a esperança de que o melhor de Deus há
de vir deve ser mantida. No tempo determinado por Ele a resposta virá.
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