quinta-feira, 15 de março de 2012

QUEBRA DA MALDIÇÃO FINANCEIRA


Por Alan Capriles

Parece piada o que vou contar agora, mas aconteceu realmente. E aconteceu comigo! E seria cômico, se não fosse trágico...

Há poucos dias atrás recebi o telefonema de um querido amigo pastor, que me convidava para pregar em sua igreja no dia seguinte. Somente após o meu consentimento foi que ele explicou tratar-se da Campanha da Quebra da Maldição Financeira, na qual eu deveria pregar mostrando princípios bíblicos para os irmãos conquistarem sua casa própria, seu carro zero, entre outras coisas materiais. Imediatamente pensei em voltar atrás e recusar o convite, mas fui contido pelo Espírito Santo, que me conduziu a atendê-lo.

Sendo assim, no dia seguinte eu estava lá, pronto para pregar sobre a quebra da maldição financeira. Após o pastor me chamar ao púlpito, fiz os agradecimentos e anunciei aos queridos irmãos que me ouviam: "Fui informado de que esta é uma campanha para a quebra da maldição financeira. Pois bem, hoje vocês aprenderão a respeito da maior maldição financeira que existe... a avareza." 

Após um breve silêncio, prossegui, com o máximo de amor que consegui ter: "Se alguém veio aqui hoje para buscar a Deus por causa de uma casa própria, ou de um carro zero, ou mesmo de qualquer outro bem deste mundo... meu irmão, se este é o seu caso, você está muito enganado com Jesus e o seu evangelho. Muito enganado! E é isso que espero comprovar nessa mensagem, com a ajuda de Deus e baseado em sua palavra."

Em seguida, pedi aos irmãos que abrissem suas Bíblias no evangelho segundo Lucas. Uma vez que essa pregação não foi gravada, compartilho abaixo o esboço que usei. Ele não é muito técnico, mas garanto que foi rascunhado segundo a direção do Espírito Santo. Cada referência bíblica que aparece nesse esboço foi lida por mim naquela mensagem. Minha esperança é que você também as confira em sua Bíblia:

   Texto base: Lucas 12:13-21

   Introd.
   Ressaltar vers. 15
   A vida “não consiste na abundância dos bens”
   Em outras palavras:
   “A vida não consiste em ter”

   - Se a vida não consiste em ter, consiste em quê?

   A resposta está na parábola contada por Jesus (vv. 16-21)

   Ou seja:
   A vida não consiste em ter
   A vida consiste em ser.

   São dois estilos de vida totalmente opostos entre si:
   “Viver pelo ter” ou “viver pelo ser”

   - Por qual deles você vive?

   Viver pelo ter
   Quem vive focado no “ter”:
   - Fatalmente fará dos bens o seu maior tesouro (Mt 6:19-21)
   - Andará nas trevas (Mt 6:22-23) do egoísmo, da ansiedade, cobiça, inveja...
   - Não será fiel a Deus (Mt 6:24) 
   É como a semente entre os espinhos, que são crentes que não frutificam: Mt 13:22

   Por isso há tantos alertas quanto ao perigo das riquezas:
   1Tm 6:7-11
   Hb 13:5-6
   Lc 12:33-34

   Viver pelo ser
   Quem vive pelo ser, vive para:
   “ser uma nova criatura em Cristo Jesus”

   O nosso tesouro é Cristo!
   Por isso Paulo dizia:
   “para mim o viver é Cristo” (Fp 1:21)
   “vivo não mais eu, mas Cristo” (Gl 2:20)
   “que Cristo seja formado em vós” (Gl 4:19)

   Conclusão
   Seja rico para com Deus!
   Busque a cada dia se parecer mais com Cristo
   Fuja do amor ao dinheiro
   e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. (1Tm 6:11)

   Características essas que havia em Jesus, que nos ensinou:
   “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (João 15:12)
   Pois nisto consiste a vida...

Amado leitor, o que mais me surpreendeu foi que a igreja não rejeitou a mensagem que preguei. Pelo contrário, a aplaudiu! E digo isso somente para a glória de Deus, pois minha tarefa foi apenas a de expor Sua palavra. Isso me alegra, pois comprova uma tese que tenho: a de que as pessoas (independente da igreja) tem sede da Palavra, e não de ilusões. Por mais dura que seja a verdade, se ela for pregada em amor, os irmãos sairão do culto edificados e agradecidos, como os vi sair naquela noite. Aliás, houve até conversão!

Mas algo me entristeceu bastante. Foi quando o pastor, esse pastor que amo tanto, tentou justificar sua campanha (ou desfazer minha pregação), com a seguinte frase, dita durante a oração final do culto: "Mas, Senhor, quem não sonha com a casa própria? E quem não sonha com o carro zero? Quem, Senhor?"

Tive vontade de levantar a mão e dizer: "Eu, pastor! Eu NÃO SONHO em ter uma casa própria e também NÃO SONHO em ter um carro zero." Mas, de que adiantaria? Se nem a Palavra de Deus bastou para convencê-lo a sonhar em ser como Cristo, não são as minhas palavras, ou o meu exemplo, que o farão mudar de ideia. 

Por isso, prefiro orar. E orar, sobretudo, para que eu mesmo não esqueça de que devo somente ao Espírito Santo a compreensão pura e simples que hoje tenho do evangelho, pois não sou melhor do que ninguém. Alguém deve ter orado muito por mim. E assim como o Senhor me abriu os olhos, há de despertar também os demais pastores, se nos dedicarmos a orar mais por eles.

A Deus seja a glória para sempre. Amém.

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