segunda-feira, 27 de abril de 2015

Quebrando Visão

QUEBRANDO VISÃO.

            Na época de Jó, a percepção que se tinha de Deus era limitada a de retribuição. Se alguém fizesse alguma coisa correta, receberia o bem de Deus. Se alguém fizesse algo errado, receberia de Deus o castigo. Tudo estava resumido a atribuir a Deus todas as circunstâncias da vida, quer boa ou má.
            Em certo ângulo, não havia problemas. Por que o castigo deriva de Deus. É Ele que pune o pecador. As bênçãos também são derivadas Dele. A grande questão fora o reducionismo. O mal que vem ao mundo está debaixo da soberania de Deus. Entretanto, o fato Dele permitir-lo. Não é Dele este mal. O mal aqui era o sofrimento, o dano que Jó enfrentava.
            Nem todo sofrimento deriva de Deus. Esta verdade não era conhecida nos dias de Jó. Quando os amigos dele fizeram as observações sobre Deus, Jó afirmara que também tinha aquele conhecimento. Isto é notório depois das palavras de Bildade, Jó diz: “Então Jó respondeu, dizendo: na verdade sei que assim é; porque, como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó 9.1,2). Ele acreditava que o sofrimento tem origem pecaminosa e pede que Deus revele seu pecado.
            A compreensão acerca de Deus quanto ao sofrimento, precisava mudar. Aquilo que era visto como castigo divino sobre o pecado, não podia permanecer entre os servos do Senhor. Deus estava quebrando visão.  Mas aquela situação era fundamental para que a visão que ele tinha de Deus fosse aprimorada.
            Curioso é que esta visão negativa tem atravessado milênios e chegado com bastante força no cristianismo moderno. A teologia da prosperidade é a grande locomotiva arrastando milhares de cristãos evangélicos para reducionismo teológico. Essa visão precisa ser quebrada. O Senhor a quebra permitindo quem pensa desta forma passar pelo sofrimento para crescer, mudar a compreensão.
            Mas esta não é a única visão equivocada sobre Deus que Ele procura quebrar. O zeloso Saulo de Tarso, perseguidor dos cristãos, acreditando que estava fazendo a vontade de Deus, aprisionou e permitiu a morte de cristãos. Mas um dia o Senhor Jesus o fez cair do cavalo e ficar cego. O perseguidor Saulo se transformou em Paulo, apóstolo de Cristo. A visão fora mudada. O que enxergava a igreja como uma seita, um grupo de herege, passou a ser um dos mais e dedicados ao cristianismo.
            O profeta Jonas recebera ordem direta da parte de Deus para pregar em Nínive, cidade mergulhada no pecado. Jonas sabia que durante a ministração o povo podia se arrepender. E por causa dessa possibilidade preferiu não ir, e fugir para Társis. Ele desejava a justiça de Deus sobre Nínive.
            Neste caso, ele sofreu numa tempestade quando fugira à Társis sendo ali engolido por um peixe, e passou três dias no ventre do animal, sem comida e sem água. Foi vomitado em Nínive, saiu fedendo a vomito para pregar ali e isto ele fez. O povo se arrependeu e a visão de Jonas fora quebrada. O profeta achava a cidade não digna de misericórdia.
            A pergunta que poderia ter sido feita a Jonas é: quem é digno de misericórdia? Ou melhor, quem é merecedor da misericórdia divina? Esse tipo de visão também é notória entre muitos cristãos. Pensam ser merecedores das bênçãos porque fazem algo para Deus. Enquanto que outros não merecem a compaixão do Senhor.
            Outra visão quebrada pelo Senhor fora a ação proclamativa da igreja primitiva. A igreja recebera ordem de pregar o evangelho a todos os povos. Entretanto, se acomodou a falar somente a judeus. A perseguição sofrida pelos judeus, fez com que os cristãos fugissem às nações vizinhas e desta forma anunciando Cristo às nações.
            Convém atentarmos para esta questão, pois Deus não deixará que permaneçamos com idéias, valores, incompatíveis a fé cristã. Ele usará se for necessário o sofrimento a fim de nos ensinar o caminho certo, a teologia correta, a sã doutrina, desmontando todas as achologias que inventamos.
            Lembremos de Israel no deserto. A nação saiu com muitas mazelas do Egito, as quais deveriam ser retiradas. O sofrimento no deserto foi um purificador para quebrar a visão que eles tinham acerca do Senhor. Eles eram henoteístas, adoravam vários deuses, mas tinham um Deus supremo. É dessa ótica equivocada que adoraram um bezerro de ouro, acreditando não ofender o Senhor. Deus nunca compartilhou dessa visão ecumênica.
            Basta lermos Deuteronômio 6.4 que diz: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Para atingir esse nível, foram necessários quarenta anos de peregrinação. A pedagogia do deserto ainda é válida. Deus permiti passarmos por diversos desertos para mudar nossas concepções erradas acerca Dele.  

            Sem querer colocar medo nos cristãos, o anticristo surgirá no contexto de apostasia de muitos crentes. Ele perseguirá a igreja a fim de destruí-la, mas o Senhor está no controle de tudo. Esse sofrimento permitido pelo Senhor servirá para que a igreja mergulhada na babilônia saia dessa decadência espiritual e se volte ao Senhor.
            Louvado seja Deus por ser tão misericordioso. Ele quebra nossos erros visando sempre o crescimento, a mudança para melhor. O escritor de Hebreus viu perfeitamente Deus como um pai. Assim ele afirma

E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? (Hebreus 12.5-7). 

            Por sermos filhos Deus assim nos trata. Nós não conhecemos tudo sobre Deus e por isso devemos ser humildes. Ter o coração disposto a aprender é fundamental para crescermos perante Deus. A forma como Deus desmonta nossa visão errada, não deve deixar-nos espantados. A metodologia do Senhor é a melhor.
            A vontade Dele será sempre boa, perfeita e agradável aos seus santos propósitos (Romanos 12.2b). Os caminhos que parecem bons aos nossos olhos, jamais serão bons aos olhos de Deus. O que o Senhor faz ou permiti muitas vezes não entenderemos, mas Ele promete depois explicar, como Jesus dissera a Pedro “...o que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois” (João 13.7).
            Assim sujeitemos aquele cujo saber excede infinitamente a mente humana. O qual tem o porvir plenamente em suas mãos. E sem qualquer dúvida Ele está disposto a mudar para melhor a nossa história.






Um comentário:

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